quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Pericardiopatias

Pericardiopatias:
O pericárdio protege o coração, reduzindo o seu atrito contra as estruturas adjacentes, protege contra sobrecargas volumétricas excessivas e como barreira física contra infecções.
Síndromes pericárdicas:
1- Pericardite aguda: inflamação aguda dos folhetos pericárdicos, dor torácica (contínua, longa duração, irradia para pescoço e trapézio), tipo pleurítica (piora com inspiração, tosse e espirro), piora no decúbito dorsal e melhora sentado e com o tronco inclinado para frente.
Outras queixas: dispnéia e quadro gripal.
Patognomônico: atrito pericárdico.
ECG: supra ST (exceto em V1 e aVR) e infra do PR. ST com a concavidade para baixo.
Ecocardiograma: derrame pericárdico. A ausência do derrame não exclui o diagnóstico.
Etiologia e condições associadas:
- Viral e Idiopática: ++ Coxsackie B e o Echovirus tipo 8 (autolimitado, regredindo em 1-3 semanas). Dor pleurítica (piora no decúbito), febre baixa, atrito pericárdico, supra ST ECG.A pericardite ++ comum na infância e na fase adulta é a viral.
- Piogênica: febre alta, calafrio, sudorese, mialgia, prostração dispnéia, aumento ária cardíaca ao RX. Pode dar derrame pleural. Diagnóstico: eco.
- Tuberculosa: apresentação subaguda ou crônica.
- Fúngica: ++ Histoplasma capsulatum.
- Relacionada ao HIV: ocorre mais na imunodepressão, relacionado a infecções oportunistas.
- Relacionada ao IAM: Pericardite Epistenocárdica (ocorre até o 10o dia do IAM, como extensão do processo inflamatório ao pericárdico) e Síndrome de Dressler (é um quadro de pleuro-pericardite após o 10o dia pós-IAM, dando febre baixa, fraqueza e mialgia; é auto-limitada, AINES são CI no IAM por 1 mês; Cd: AAS e CE).
- Pós-cirúrgica ou pós-traumática: atrito pericárdico pós trauma.
- Urêmica: ocorre na insuficiência renal, as toxinas nitrogenadas urêmicas agem sobre o pericárdio, gerando inflamação, derrame e atrito pericárdico. Anticoagulantes são CI.
- Relacionada a Colagenoses: ++ são febre reumática, AR e LES. É a pericardite em pão com manteiga. A pericardite lúpica é a manifestação cardíaca mais freqüente do LES.
Tratamento:
AINE: AAS 1g VO 4/4h ou indometacina 50mg VO 6/6h.
Prednisona: 30-40mg VO 12/12h.
Anticoagulantes são CI.
Complicações: tamponamento cardíaco, pericardite recorrente e pericardite efusivo-constritiva.

2- Pericardite subaguda ou crônica: pode se manifestar por evolução incidiosa, derrame pericárdico crônico assintomático ou complicação (tamponamento cardíaco, pericardite constrictiva e pericardite efusivo-constritiva).
Duração por mais de 3 semanas indica pericardiocentese diagnóstica ou biópsia pericárdica.
Etiologia: ++ tuberculosa. Outras: neoplásicas, mixedema, uremia etc.

3- Derrame pericárdico: não causa sintomas, a menos que seja de moderado a grande quantidade, causando dor, disfagia, tosse seca, soluço, rouquidão.
Hipofonese de bulhas, estertoração pulmonar basal e sinal de Ewart (submacicez no terço inferior de HTE). Ecocardiograma é o padrão ouro.

4- Tamponamento cardíaco: o DC está reduzido devido ao enchimento ventricular prejudicado pelas altas pressões intra-pericárdicas.
Pulso Paradoxal: redução da PAS em + de 10mmHg ou da amplitude do pulso durante a inspiração. Ausência de B3.
Forma subaguda: dispnéia, ortopnéia, congestão pulmonar, hepatomegalia, cianose.
Forma aguda grave: hipotensão, turgência jugular, hipofonese acentuada de bulhas.
ECG: alternância elétrica de QRS.
Causas: traumática, neoplásica, urêmica, infecciosa, complicação do IAM.
Cd: reposição volêmica, dobutamina, pericardiocentese de alívio (guiada pelo eco), pericardiotomia subxifóide cirúrgica e janela pleuro-pericárdica.

5- Pericardite constrictiva: o pericárdio está endurecido e limita o enchimento ventricular diastólico, desencadeando síndrome constrictiva.
Sinal de Kussmaul: normalmente a PVC diminui na inspiração. No sinal de Kussmaul, ela não diminui, ou aumenta na inspiração, aumentando a turgência jugular devido a IVD. Também ocorre no TEP, estenose tricúspide e síndrome da veia cava superior.
Exames: Eco, TC e RM. Cd: pericardiotomia.
Knock pericárdico: é um som diastólico, precoce (fase de enchimento ventricular inicial), audível no BEE, causado por uma distensão súbita do VE contra um pericárdio espesso e calsificado.

6- Pericardite efusivo-constrictiva: é a fase intermediária entre uma pericardite aguda ou subaguda e uma pericardite constrictiva. Derrame pericárdico presente e pericárdio viceral espessado e rígido.

Causas de pulso paradoxal:
Tamponamento cardíaco (clássica);
Pericardite efusivo-constritiva;
Pericardite constritiva; derrame pericárdico;
Asma grave;
DPOC, embolia pulmonar, IC, obesidade e ascite.

Endocardite por fungos: o eco permite ver as vegetações no endocárdio.

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